Insuficiência cardíaca: casos vêm aumentando no Brasil, alertam especialistas
No Brasil, cerca de três milhões de pessoas vivem com insuficiência cardíaca, mas esse número pode aumentar, segundo especialistas convidados do “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” deste sábado (30).
Fernandes e Silvia Ayub, cardiologista também do Incor, são os convidados do Dr. Roberto Kalil, alertam sobre a gravidade da insuficiência cardíaca e a importância de realizar o tratamento adequadamente.
A insuficiência cardíaca é uma condição caracterizada pela incapacidade do coração de bombear sangue de forma adequada, comprometendo o funcionamento de outros órgãos do corpo.
“A insuficiência cardíaca é uma síndrome e, como uma síndrome, há várias doenças que podem levar a esse acometimento”, diz Fernandes.
Segundo ele, há dois tipos de insuficiência cardíaca. Uma delas tem origem no enfraquecimento do músculo do coração, que não consegue bombear o sangue corretamente. Os homens são os mais atingidos por esse tipo, e as causas são diversas.
“Infarto agudo do miocárdio, miocardiopatias dilatadas, doença de Chagas, pacientes oncológicos, miocardite, causas virais. Há uma gama muito grande de alterações que podem atingir a musculatura do coração”, elenca o cardiologista.
O segundo tipo ocorre quando o problema está no relaxamento do músculo. “Ele contrai muito bem, mas relaxa com uma certa dificuldade”, diz Fernandes. Hipertensão e diabetes são algumas das doenças que podem estar na raiz do problema. Esse tipo atinge mais a população feminina.
Entre os principais sintomas da insuficiência cardíaca estão o inchaço nas pernas e na barriga, fadiga e cansaço, inclusive para realizar atividades habituais, como vestir-se ou tomar banho. No programa, Dr. Kalil explica como diferenciar esse cansaço de uma estafa habitual do dia a dia. “O sintoma clássico é o sujeito que chega contando: ‘eu ia na padaria toda manhã comprar meu pão. Agora, eu não consigo chegar na padaria, porque eu canso muito”.
Insuficiência cardíaca tem alta mortalidade
Ayub alerta para a gravidade da insuficiência cardíaca, que possui mortalidade alta. “Após o diagnóstico de insuficiência cardíaca, 50% dos indivíduos vão morrer com cinco anos de doença. E nos idosos, isso reduz para 35% de sobrevida em cinco anos. É mais grave até que uma parte dos cânceres. Normalmente, o paciente quando recebe o diagnóstico de uma doença oncológica ele fica muito assustado. Talvez ele não tenha noção de que a insuficiência cardíaca é tão grave ou até mais grave, em alguns casos”, afirma.
A cardiologista explica que entre os principais fatores de risco estão o envelhecimento da população e a melhora no tratamento das chamadas doenças cardíacas primárias. “Hoje, se eu tenho um infarto agudo do miocárdio, eu abro a artéria, recupero uma parte do coração. Se eu tenho uma doença valvar, eu troco a válvula. Eu trato a hipertensão. Mas, às vezes, você fica com alguma sequela no miocárdio e no longo prazo, você pode desenvolver insuficiência cardíaca”, completa.
Coração artificial é opção para casos graves
O tratamento da insuficiência cardíaca é, em geral, medicamentoso, com a maior parte dos remédios disponível também na rede pública. No entanto, casos graves podem requerer o uso de coração artificial ou, como último recurso, o transplante.
“O coração artificial, apesar de o nome dar a impressão de que é uma máquina que substitui o coração inteiro, na verdade (…) é um dispositivo que assiste ao ventrículo esquerdo. É como se fosse uma bomba d’água: ele aspira o sangue do ventrículo esquerdo e manda para a aorta. Então, substitui este lado do coração, que é a parte mais importante que é a que bombeia sangue para o organismo”, explica Ayub.
Segundo a especialista, hoje os pacientes que utilizam o coração artificial podem ter uma vida plena e, inclusive, praticar atividades físicas. “A gente muda a vida desse indivíduo, que teria um prognóstico de sobrevida menor que 10% em um ano”.
Esse dispositivo pode ser utilizado como terapia definitiva ou para o paciente que está na fila aguardando o transplante. “O Brasil tem um programa de transplante cardíaco muito importante, talvez seja no mundo o principal programa coberto pelo SUS, e a gente tem um número de transplantes em torno de 350 a 370 transplantes por ano. E ele é extremamente efetivo. Um paciente que é submetido a um transplante cardíaco tem uma expectativa de vida de 10 a 15 anos, então é uma mudança dramática na história de vida de cada indivíduo”, afirma Ayub.
Atualmente, a grande dificuldade ainda é o tempo que o paciente precisa permanecer em fila aguardando um transplante. “Às vezes o paciente permanece de quatro a seis meses internado, num hospital, necessitando de medicações na veia para chegar o momento dele na fila. Talvez aí a gente tenha que melhorar mais a nossa doação de órgãos”, finaliza.
O “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” vai ao ar no sábado, 30 de novembro, às 19h30, na CNN Brasil.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Insuficiência cardíaca: casos vêm aumentando no Brasil, alertam especialistas no site CNN Brasil.
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